Edson Carlos Contar

"Companheira de serviço, ouve a prece, o meu suplício, o meu grito de paixão"...
Era uma vez, um garoto com doze anos de idade, funcionário de um cartório, tomado de um amor platônico por uma colega vinte e cinco anos mais velha...
Para ela, escreveu uma poesia que começava com os versos aspeados ai de cima...Nascia aí, um aprendiz de poeta que, até hoje, aos setenta anos, canta seus amores e desamores em contos e poesias, textos teatrais e composições musicais, mantendo-se fiel à alma jovem que o fez escriba.
Esse "menino" sou eu!
Nascido num pedaço de paraíso, caminhei mundo afora, conduzido por minhas profissões de jornalista e turismólogo, vivi e vivo o meu mundo encantado, habitado por prazerosas utopias, coloridos devaneios e desafios reais que o cotidiano impõe...
Até aqui, uma dezena de livros, dezenas de músicas, peças teatrais e matérias espalhadas por jornais, revistas e sites, são marcas que vou deixando, como forma de justificar uma existência plena de bênçãos traduzidas em "família, amigos,amor e fé"...
Sangue mesclado do luso, libanês e mineiro, deixo fluir em cada olhar, palavra e gesto, aquilo que cada um caracteriza na sua genética, abrindo espaço para arroubos, carinho, amor, afeto e fé n'Aquele que me deu a bênção de nascer em meio à rica natureza, entre cantos de pássaros e o colorido da flora pantaneira.
O que fui não importa...Cargos, honrarias e glória são passageiros...Importa o que sou: um homem feliz!
 



 


Herança
Edson Carlos Contar

Juntei cifras e palavras
Das melodias que cantei.
Guardei versos de poesias
Que um dia imaginei.
Reuni letras e figuras
De um livro que não publiquei.
Fiz de tudo um só arquivo
E num baú eu deixei...

Tomara Deus chegue o dia,
Que alguém encontre ao acaso
Meus sonhos ali guardados.
E faça um lindo romance
Que o mundo inteiro alcance
E chegue aos enamorados.

Se perguntarem do autor,
Digam que foi um qualquer...
Mas tudo que está escrito,
No amarelado papel,
São relíquias de um grande amor,
Herança de uma mulher.
 



 


Anjo Devasso
Edson Carlos Contar

Sou teu anjo, teu caminho,
Teu carinho e proteção.
Sou errante, inconstante,
Sou partida, sou a volta,
E na volta, sou pecado,
Sou amado, sou paixão...
Se ausente, sou saudade,

Se presente, realidade,
Que se faz em mil desejos...
E no sabor da vontade,
Por te amar assim verdade,
Vivo a cobrir-te de beijos...

Não sou mais só um caminho,
Sou também um descaminho,
Um querubim pecador...
Que ao encontrar-te no ninho,
Faz um primeiro carinho,
E torna-se o Anjo do Amor...

E ao perder-me na paixão,
Esqueço minha missão,
E em humano me faço...
Busco a seiva em teu regaço,
Pois sou carne e coração,
Tornei-me um ANJO DEVASSO!...
 

 


 


Beco do Louco
Edson Carlos Contar

Pobre gente que não sabe quem sou,
Pobre de mim que não sei quem são.
Não conhecem minha história
E duvidam da minha razão...

Não sabem da noite distante,
Em que ela aqui apareceu,
E, neste beco escuro,
Por migalhas a comprei.

Era linda e carinhosa,
Silhueta maravilhosa,
Que, embevecido, admirei.
E aqui mesmo neste lugar,
Como que num lupanar,
Loucamente eu a amei...

Por um níquel, deu-se tensa,
Entregou-se em silêncio,
E em silêncio partiu.
Refletida, então, na luz,
Percebi em sua linda face
Uma lágrima que caiu...

Senti-me o pior dos homens,
Por me apoiar na desgraça,
E no desespero de um ser
Que, por uma migalha de pão,
Indiferente à razão,
Saciou o meu prazer.

Desde então, eu a espero,
No lugar em que a encontrei.
Frio, chuva, não importa,
Meu pecado não paguei.

Já grisalho, me agasalho,
Na esperança que, um dia,
Ela passe por aqui,
E possa ouvir-me assim rouco,
Pedir que perdoe o homem,
Que todos chamam de louco!
 



 


Callejón Del Loco
Edson Carlos Contar

Pobre gente que no sabe quien soy,
Pobre de mí que no sé quienes son.
No conocen mi historia
Y dudan de mi razón...

No saben de la noche distante,
En que ella aquí apareció,
Y, en este callejón oscuro,
Por migajas la compré.

Era linda y cariñosa,
Silueta maravillosa,
Qué, embobado, admiré.
Y aquí mismo en este lugar,
Como que en un lupanar,
Locamente yo la amé...

Por una moneda, se dio tensa,
Se entregó en silencio,
Y en silencio partió.
Reflejada, entonces, en la luz,
Percibí en su linda cara
Una lágrima que cayó...

Me senti el peor de los hombres,
Por apoyarme en la desgracia,
Y en la desesperación de un ser
Qué, por una migaja de pan,
Indiferente a la razón,
Sació mi placer.

Desde entonces, yo la espero,
En el lugar en que la encontré.
Frío, lluvia, no importa,
Mi pecado no pagué.

Ya canoso, me abrigo,
En esperanza que, un día,
Ella pase por aquí,
Y pueda oírme así ronco,
Pedir que perdone al hombre,
Qué todos llaman de loco!

 

 

 

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